mercredi 26 novembre 2008

Gostou? Quando for citar, por favor colocar a fonte assim:

SOUZA SILVA, Patrícia. Considerações Sobre o Evangelho Segundo Jesus Cristo. disponível em http://intelectualissima.blogspot.com. Última atualização em 26 de Novembro de 2008.

Considerações sobre O Evangelho Segundo Jesus Cristo

O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991) é uma obra do escritor português, reconhecido mundialmente, José Saragamago. José Saramago tem obras adaptadas para óperas, teatros, mini-séries; é muito fértil em sua literatura, escrevendo poesias, romances, teatros e recebeu vários prêmios de Literatura. Mas, a obra analisada, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, lhe rendeu muitas críticas e foi considerada uma ofensa à Igreja Católica. Por causa disso, o autor refugiou-se nas ilhas Canárias, onde vive até os dias atuais.
O motivo de tanta indignação da Igreja Católica, por conta da obra de Saramago, é que ele retrata a história de Jesus, mas não da forma como é relatada nos Evangelhos Segundo Mateus, Marcos, Lucas e João. Pois, o Jesus mostrado em Mateus é aquele como “O Messias”, porque o público alvo eram os judeus; em Marcos é aquele Jesus “modelo de homem”, trabalhador, porque o público alvo eram os romanos; em Lucas, Jesus é retratado mais pelo lado “médico dos médicos”, sábio, e o público alvo os gregos; e em João, é Jesus “filho de Deus”, amor que veio para dar a vida e salvar a todos, porque o público alvo era toda a humanidade. E todos viveram mais ou menos na mesma época que Jesus viveu. A obra de Saramago foi escrita quase dois mil anos depois dessa época, é uma ficção, um romance, o que difere é um outro cenário com Jesus, os mesmos personagens, mas outra versão dos fatos.
Saramago fez de sua obra um romance, não tem a obrigação de contar a história como realmente aconteceu. No entanto, dá vida a obra usando a imaginação, uma história de amor. E nesse livro, o Jesus apresentado é um homem comum com um dom. Há a humanização de Jesus.
Pela época, podemos dizer que Saramago está inserido no neo-realismo português. Então, uma das intenções presentes ao se escrever a obra é despertar a consciência do povo. Talvez até mesmo como denúncia social, pelo fato de querer alertar as pessoas para as coisas que lhe são contadas. O autor não está querendo negar a história de Jesus (ele mesmo afirma isso), mas quer levantar hipóteses. “E se..” “E se a história verdadeira tivesse acontecido de outra forma?”.Nietzsche também tem intenções de exercer indagações nas pessoas, em sua obra O anticristo, ele tenta mostrar o poder que a camada dominante pode exercer nas pessoas, que não há verdades acabadas.
E Saramago, longe de querer depreciar a pessoa de Jesus em seu livro (a partir do momento que humaniza Jesus), ele traz um ponto de vista que Jesus, apesar da divindade, era homem. Com todas as indagações possíveis. A visão que o autor passa de Deus é como das mitologias, mais próximo dos homens, compreensível, assim como os deuses. O diabo, por sua vez, não é mau, e sim um testador enviado pelo próprio Deus, para acompanhar e instruir a vida de Jesus na terra. Sua função é colocar as dúvidas no caminho do mestre, pois as hipóteses trazem o conhecimento. E, além de tudo, há espaço para o romance, na obra, de Jesus e Maria Madalena.
Portanto, o livro O Evangelho Segundo Jesus Cristo é intrigante, tem a intenção de levantar debates, mexer com as ideologias das pessoas. Cumpre com a função de romance: narra uma história ficcional, e possui uma linguagem simples. Ele enriquece muito a humanidade, no sentido de engrandecer, e quem realmente assumir o risco de ler a obra, como ficção, surpreender-se-á com as diversas possibilidades que as coisas podem se apresentar, e como a verdade pode ser manipulada.
Referências:
SARAMAGO, José. O evangelho segundo Jesus Cristo. São Paulo:Companhia das Letras, 1991। 445p

lundi 22 septembre 2008

Início

Início

De vez em quando eu ouço lobos uivando.
Mas só de vez em quando,
Eu acho...

Eu sempre quis escrever um poema que tivesse esse início. Infelizmente, ficou somente na introdução. Tem momentos raros, como quando comecei a escrever o início desse poema inacabado, que a gente consegue traduzir o que a nossa alma está sentindo.Digo momentos raros, porque um sentimento é algo tão subjetivo, que é difícil encontrarmos as palavras certas para traduzir o que estamos sentindo a outra pessoa. Para falar a verdade, às vezes não conseguimos traduzir nem para nós mesmos o que estamos sentindo. O que a nossa alma está dizendo para si mesma.
Por isso, invejo os artistas. Eles conseguem dar forma ao que não tem forma. Eles dão palavras à nossa alma agoniada. É realmente fascinante ver Machado de Assis estudando o comportamento humano, fico impressionada com o título de um dos capítulos de Memórias Póstumas de Brás Cubas, chama-se O menino é pai do homem. Como? É instigante, é delicioso. Talvez seja por isso, que nos envolvemos tanto com clássicos literários, com músicas marcantes, filmes, obra de arte enfim. Porque eles dão forma ao que estamos sentindo. Há algo oculto que de repente se revela a nós, e parece que por um momento conseguimos dar tradução ao que tanto nossa alma ansiava expressar.
Mas, isso é para os mestres dessa arte. Como disse, nunca consegui terminar o poema, ou a tradução do que senti por algum tempo. Do tempo em que me sentava, em noites de lua cheia, no alpendre de casa, sozinha, e com o rosto apoiado nos joelhos, eu sentia comunicação plena. E dizia comigo mesma,

De vez em quando eu ouço lobos uivando.
Mas só de vez em quando,
Eu acho...
Patrícia Souza Silva

lundi 11 août 2008

Realidade

Pensando muito, muito bem...


Às vezes, ficamos mal com algumas reações de umas pessoas..

Mas, isso é normal..Como diria Quintana,
" sofrimento é opcional"

Lembro, assim de que a Bíblia condena todos aqueles que guardam a espada, aqueles que são os covardes...

O espiritismo também fala que a gente não vai ser responsável não só pelo mal que praticamos, mas por todo bem que deixamos de praticar...


Acordei, pensando nisto...

E cheguei à conclusão que, eu deixar meus irmãos inocentes de uma situação, é como eu deixar eles andarem no escuro e não avisar que mais à frente tem um buraco...

Então só digo uma coisa:

Se você faz uma coisa boa para mim, conto para 5 pessoas.
Se faz uma ruim, conto para 30 pessoas.
Você pode até dizer que estou focando no negativo,
Mas não é isto!
Estou apenas alertando amigos!


Namastê!

samedi 9 août 2008

Estatutos do Homem

OS ESTATUTOS DO HOMEM (Ato Institucional Permanente)


Thiago de Mello


A Carlos Heitor Cony



Artigo I



Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.
Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.
Artigo III

Fica decretado que, a partir deste instante,

haverá girassóis em todas as janelas,

que os girassóis terão direitoa abrir-se dentro da sombra;

e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,

abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.
Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V

Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usara couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI

Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII

Por decreto irrevogável fica estabelecido

o reinado permanente da justiça e da claridade,

e a alegria será uma bandeira generosa

para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX

Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X

Fica permitido a qualquer pessoa,
a qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI

Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII


Decreta-se que nada será obrigado nem proibido,

tudo será permitido,

inclusive brincar com os rinocerontes

e caminhar pelas tardes com uma imensa begônia na lapela.


Parágrafo único:

Só uma coisa fica proibida:

amar sem amor.

Artigo XIII

Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais compraro sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantare a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre o coração do homem.
Santiago do Chile, abril de 1964.