lundi 22 septembre 2008

Início

Início

De vez em quando eu ouço lobos uivando.
Mas só de vez em quando,
Eu acho...

Eu sempre quis escrever um poema que tivesse esse início. Infelizmente, ficou somente na introdução. Tem momentos raros, como quando comecei a escrever o início desse poema inacabado, que a gente consegue traduzir o que a nossa alma está sentindo.Digo momentos raros, porque um sentimento é algo tão subjetivo, que é difícil encontrarmos as palavras certas para traduzir o que estamos sentindo a outra pessoa. Para falar a verdade, às vezes não conseguimos traduzir nem para nós mesmos o que estamos sentindo. O que a nossa alma está dizendo para si mesma.
Por isso, invejo os artistas. Eles conseguem dar forma ao que não tem forma. Eles dão palavras à nossa alma agoniada. É realmente fascinante ver Machado de Assis estudando o comportamento humano, fico impressionada com o título de um dos capítulos de Memórias Póstumas de Brás Cubas, chama-se O menino é pai do homem. Como? É instigante, é delicioso. Talvez seja por isso, que nos envolvemos tanto com clássicos literários, com músicas marcantes, filmes, obra de arte enfim. Porque eles dão forma ao que estamos sentindo. Há algo oculto que de repente se revela a nós, e parece que por um momento conseguimos dar tradução ao que tanto nossa alma ansiava expressar.
Mas, isso é para os mestres dessa arte. Como disse, nunca consegui terminar o poema, ou a tradução do que senti por algum tempo. Do tempo em que me sentava, em noites de lua cheia, no alpendre de casa, sozinha, e com o rosto apoiado nos joelhos, eu sentia comunicação plena. E dizia comigo mesma,

De vez em quando eu ouço lobos uivando.
Mas só de vez em quando,
Eu acho...
Patrícia Souza Silva

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